Conheça a “Ame o Tucunduba”, coletivo que populariza conhecimento acerca às bacias hidrográficas urbanas em Belém

A “Ame  o Tucunduba”, uma organização que surgiu em 2016 em Belém (PA), a partir da motivação de jovens mulheres em assumir o protagonismo na transformação ambiental local. A Agência X conversou com duas super heroínas que fazem parte do grupo, que entre outras atividades, protagonizam um trabalho voltado para a conservação das microbacias hidrográficas da região, especialmente o Rio Tucunduba. 

Letícia Luz e Camila Magalhães, integrantes da “Ame” – como elas carinhosamente se referem ao coletivo – falaram das principais ações desenvolvidas  que atingem de forma indireta a população dos 5 bairros que compõem a Bacia do Tucunduba. Ela reúne 238.254 habitantes e representa 16,6% da população do município.Os projetos em questão são o “Faça você mesmo”, “Expedição Tucunduba” e “Fala Tucunduba”. Todos os feitos, visam popularizar o conhecimento acerca às bacias hidrográficas urbanas, romper preconceitos e engajar a juventude local, ou seja, tudo a ver com a Primavera X. 

Leticia Luz é gestora geral do coletivo, representando sua atuação nas relações institucionais, além de gerenciar a ação das diretorias de projetos, captação e comunicação. Já a, Camila é oceanógrafa, diretora de projetos e facilitadora de oficinas. Conheça um pouco mais sobre o trabalho da “Ame  o Tucunduba”. 

Como surgiu o coletivo?

Letícia: Surgiu da união de jovens moradores e moradoras da cidade de belém que idealizaram uma relação diferente com os rios da cidade.

Camila: O coletivo surgiu a partir da vontade de pessoas de mudar as relações com a cidade e o ambiente. E para isso era necessário facilitar o acesso a informação e é como atuamos até hoje.

Quais projetos o coletivo realiza hoje?

Camila: Hoje o coletivo realiza 3 projetos: Faça você mesmo, Expedição Tucunduba e Fala Tucunduba.

Letícia: O projeto Expedição Tucunduba, que está caminhando para a sua 9ª e 10ª edição em novembro de 2019. Trata-se de uma experiência de reconhecimento da bacia hidrográfica do Tucunduba por meio de metodologias participativas que agregam conhecimentos teóricos com a vivência da expedição da nascente à foz.

Vi que um dos projetos, o “Faça você mesmo”, está relacionado com mutirões de cuidado. Como funciona essas ações? quem participava?

Letícia: faça você mesmo tinha como objetivo reativar um espaço ocioso da margem do rio Tucunduba onde era feito descarte irregular de resíduos. Para a reativação, atividades de voluntariado para limpeza e ocupação da margem foram realizadas por 1 ano.

Camila: O projeto foi o nosso primeiro projeto, onde o objetivo principal era incentivar  a revitalização e a ocupação um espaço na margem do rio Tucunduba pela comunidade. Dessas forma, as ações eram pensadas para que a comunidade poder estar no espaço, conhecer e interagir com mesmo.  Além de refletir sobre as possibilidades daquele lugar. Eram ações abertas para todos os públicos (crianças, jovens e adultos). Eram divulgadas nas redes sociais e porta a porta.

Quais são os principais desafios de mobilizar pessoas em relação ao tema de rios e microbacias urbanas?

Camila: Acredito que o principal desafio seja alcançar o público das comunidades mais vulneráveis.

A microbacia hidrográfica do Rio Tucunduba é a segunda maior de Belém, e recorta dois dos mais populosos bairros da cidade, localizado na periferia. Qual a importância desse rio para a comunidade? e Como esse cenário se relaciona com as ações de vocês? 

Letícia: A comunidade identifica o Tucunduba como parte da história de construção dos bairros, envolvendo o processo que levou a macrodrenagem desse rio, abertura de ruas, canalização de alguns trechos, poluição, alagamentos, pavimentação e o próprio despejo e remanejamento de famílias. Dentro desse cenário tão impactante no cotidiano das pessoas, também estão preservadas relações de convívio, pesca, lazer, afetividade. Nós como sociedade civil organizada buscamos nos aprofundar sobre as questões relativas a esses diferentes cenários e vivências com a bacia para que a nossa atuação seja representativa da luta pela garantia de direitos socioambientais para essa população e para esse rio.

Camila:  Historicamente a comunidade tem uma relação com o rio. Que um dia já foi afetiva e identitária e atualmente é de luta. Nesse cenário, nosso objetivo é resgatar essa afetividade e dar ferramentas para que a comunidade possa participar de forma consciente das políticas públicas.

Os projetos da Ame o Tucunduba estão sempre vinculados às questões ambientais. Qual o objetivo de vocês ao tratarem dessa temática?

Camila: Na verdade nossos projetos são ferramentas educacionais! E podem ser replicados em diversas realidades.

O que vocês esperam das pessoas que participam das suas ações?

Letícia: Que se tornem agentes da transformação social seja através do empoderamento ou da inspiração e replicação de nossas ações e projetos.

Camila: Esperamos despertar um olhar mais sensível ao ambiente e à cidade. Além de contribuir para que a pessoa possa se sentir parte integrante do meio, podendo protagonizar mudanças e/ou contribuir efetivamente para tomadas de decisão.

Um dos objetivos da primavera X é incentivar o protagonismo das crianças e jovens na solução de problemáticas ambientais. A Ame o Tucunduba é formada por jovens mulheres. Como isso reflete na forma de trabalho de vocês?

Letícia: A democracia é imperativa no nosso trabalho, sendo um ambiente de total respeito, cooperação e suporte mútuo, com laços que ultrapassam as relações profissionais, além disso a preocupação com a promoção da equidade, da ética e do protagonismo social são norteadores da nossa atuação. Enfrentamos muitos desafios pelo que somos e por quem somos, mas isso nos inspira a ser diferentes e cada vez mais atuantes.

Camila: Acredito que esse seja nosso diferencial. Somos jovens falando para jovens. O que contribui na dinâmica das atividades e também para a linguagem. Além da identificação do público com a gente.


Fique por dentro das atividades da “Ame o Tucunduba”, no Instagram e Facebook. Gostou e quer participar? Entre em contato pelo e-mail através do [email protected].

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